sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cores

   Hoje tenho cores na cabeça. Antes cores do que qualquer outra coisa menos boa. Dos olhares retenho o teu castanho. 
Do preto do carvão guardo os desenhos. Das músicas aprisiono o vermelho... vemelho de sangue... sequioso de corpos!
   Guardo debaixo do colchão as cores de uma vida. A cada noite, a cada sonho, solto-as  e deixo-as dançar, de mãos dadas, neste ou naquele capítulo mais ou menos complexo. De vez em quando abro-lhes a janela e deixo-as voar para bem longe de mim... fico com o vazio da transparência, a nudez da pureza, as estrelas que lucilam no breu penetrante do céu. Eu e elas... estamos sós... brilhantes, ávidas de matiz... pigmentação, existência!
  Da minha janela consigo previlegiadamente obvervá-las... resplandecentes... sem cor, apenas brilho... claridade.
As cores, essas, onde estão? Tenho fome de vós. Que caminhos escolheram? Que letras ilustram agora? Quais os corpos pelos quais deslizam... até se prenderem numa curva, mais ou menos perfeita? De quem os lábios que beijam? Cores... clamo por vós para que para mim voltem... para que se façam em mim e, também em mim tomem forma.
 Resta-me o brilho. A luz.

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